Sem dúvida que um dos pontos altos do festival Curta Cabo Frio é a curadoria, a assertividade em escolha de filmes, o melhor da produção nacional e internacional: Quem não lembra dos inesquecíveis "Satori Uso" de Rodrigo Grota, ou o incrível "Amor Bassura", um filme paraguaio; lembro que estava junto com a Bárbara Morais, hoje montadora de filmes. Ficamos encantados ao ver um filme tão singelo. Foi a primeira vez que vi um filme paraguaio, tempos depois, o filme "7 Caixas" da dupla Maneglia-Schembori, me encantou e me ver o cinema latino americano com outro olhar. O papel exercido pela curadoria de um festival é fundamental na formação do "cinéfilo de carteirinha".
Até agora foram 10 edições do Festival Curta Cabo Frio com uma média de 700 filmes exibidos em 10 anos. Ufa... Este ano, 2017, tivemos o mais austero de todos, devido à total contenção de verbas, mas, apesar de todas as dificuldades, mais uma vez vimos que a curadoria é a alma de um bom festival. Nos dias que se seguiram as mostras, tanto na Casa Scliar, como no Charitas, mobilizou parte da juventude cinéfila de Cabo Frio.
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"Crime de Honra - Ensaio para Intolerantes" - de Vinícius de Oliveira, prêmio de melhor direção no 10º Curta Cabo Frio. |
Uma grata surpresa, este ano, entre tantos outros filmes, foi o curta "Crime de Honra - Ensaio para Intolerantes", de Vinicius de Oliveira, que faturou o prêmio de Melhor Direção , um dos mais importantes prêmios cinematográficos, conferido a um realizador. Um prêmio merecido para um filme que, além de contar com ótimo elenco, tem um roteiro ágil e garante um clima sufocante a cada momento, a ótima montagem é bem criativa e se garante do começo ao fim.
A história tem engajamento politico, já que fala do machismo arraigado na sociedade brasileira, a partir de um grupo de amigos "pegadores" que saem para curtir a noite paulistana, com muita bebida, diversão e sexo. O desdobramento é uma paulada na sensibilidade do expectador. O filme mexe com o coração do público, finalizando com aquele silêncio que deixa todo mundo apreensivo. Logo após a exibição e a tensão vivida, foi bonito ver o público explodir numa chuva de aplausos, consagrando um filme que está, ainda, no seu começo de caminhada.
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Vinícius de Oliveira, diretor do filme "Crime de Honra - Ensaio para Intolerantes", prêmio de melhor diretor no "10º Curta Cabo Frio - 2017. |
Vinícius de Oliveira, uma trajetória de Sucesso.
Quem conhece Vinícius de Oliveira, sabe de sua paixão pelo Cinema Nacional. Seu nome começou a surgir quando ele fez o inesquecível "Central do Brasil" de Walter Salles, 1998, filme premiadíssimo em que ele contracena com a poderosa Fernanda Montenegro. Vinícius dá um show neste filme, e entra para o panteão de atores mirins que encantaram o Brasil. O impacto da sua presença no cinema nacional lhe rendeu, só pode ser comparado ao "Pixote - A Lei do Mais Fraco" de Hector Babenco, e que consagrou o ator mirim, eterno, do cinema brasileiro: Fernando Ramos da Silva.
Três anos depois de Central do Brasil, Vinícius brilhou noutro filmaço de Walter Salles, "Abril Despedaçado", onde contracena com feras do cinema nacional como José Dummont e Rodrigo Santoro. Já em 2008, ele reaparece, adulto, no filme "Linha de Passe", de Daniela Thomas e Walter Salles, desta vez, o ator mirim carismático, abre espaço para o adulto consciente e sensível, numa história que arrebatou corações no festival de Cannes. Vinícius nunca parou de filmar, nasceu para fazer cinema, é, sem dúvida, um dos fortes nomes do cinema nacional do momento e, agora, ele é também, diretor e seu filme "Crime de Honra - Ensaio para Intolerantes". O filme traz um cineasta engajado nas questões nacionais, mostrando a fúria do machismo brasileiro. Vale conferir.
(Jiddu Saldanha - Blogueiro)