segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Vinicius de Oliveira e a Mala da Fama, em 2001

Aos 16 anos de idade, Vinícius de Oliveira, ao lado de
Gabriel Nóbrega. Fotografados em 2001 na Jornada Literária
de Passo Fundo - No Rio Grande do Sul. Foto: Jidduks
Premiado como melhor diretor, no "10º Curta Cabo Frio - 2017", Vinícius de Oliveira mostra por que, além de ator, é um diretor promissor, do cinema brasileiro.
Eis que o reencontro depois de 16 anos.


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Na Jornada literária de Passo Fundo, em 2001, em pleno Rio Grande do Sul, encontro Vinicius de Oliveira, então, com 16 anos de idade, interpretando uma peça sobre o poeta Carlos Drummond de Andrade. Um espetáculo onde Vinícius interpretava o maior poeta brasileiro, quando este ainda era adolescente. Vinicius, já estava bem conhecido pela participação, como o protagonista Josué, no filme "Central do Brasil", de Walter Salles um ator mirim, que disputou espaço com centenas, talvez milhares de outros  pretendentes à participação no filme. Uma história bela e inesquecível.
"Central do Brasil" é responsável pela elevação da autoestima do cinema nacional do Brasil. Foi um dos filmes da retomada do Cinema Brasileiro, que começara praticamente 5 anos antes com "Carlota Joaquina - Princesa do Brasil" de Carla Camuratti e 4 anos antes do inesquecível "Cidade de Deus" de Fernando Meirelles e Kátia Lund. Depois disso, passei a acompanhar a carreira deste menino, porque, quando estive em Passo Fundo, me chamou a atenção, principalmente, seu caráter e sua humildade.
O garoto que entrou pela porta da frente do cinema nacional, participou de um filme icônico da cinematografia brasileira e que tinha, na época, a atenção quase que unanime, no encontro de Passo Fundo, na verdade, era um jovem curioso, brincalhão, e que observava todo o movimento da grande festa literária brasileira. Neste mesmo ano, em que fotografei intelectuais da literatura como: Frei Betto, o chileno António Scármettá, Ziraldo, Márcia Medeiros, Paula Mastrobertti. Lá estava ele, apenas um jovem de 16 anos, despontando para a vida artística, do qual já começara, com um tremendo sucesso.


Em 2001, Vinícius de Oliveira, rodeado de fãs e já segurando a "Mala da Fama"!


APROVEITE PARA VER O TRAILER DO FILME QUE CHAMOU A ATENÇÃO DO BRASIL.



CURTA O TRAILER OFICIAL DO FILME - LINHA DE PASSE - DE 2008.


VEJA O TRAILLER DO FILME "BOI NEON" OUTRO BELO FILME COM VINÍCIUS


Vinicius de Oliveira - Prêmio de Melhor Direção no 10º Curta Cabo Frio - 2017.

Sem dúvida que um dos pontos altos do festival Curta Cabo Frio é a curadoria, a assertividade em escolha de filmes, o melhor da produção nacional e internacional: Quem não lembra dos inesquecíveis "Satori Uso" de Rodrigo Grota, ou o incrível "Amor Bassura", um filme  paraguaio; lembro que estava junto com a Bárbara Morais, hoje montadora de filmes. Ficamos encantados ao ver um filme tão singelo. Foi a primeira vez que vi um filme paraguaio, tempos depois, o filme "7 Caixas" da dupla Maneglia-Schembori, me encantou e me ver o cinema latino americano com outro olhar. O papel exercido pela curadoria de um festival é fundamental na formação do "cinéfilo de carteirinha".
Até agora foram 10 edições do Festival Curta Cabo Frio com uma média de 700 filmes exibidos em 10 anos. Ufa... Este ano, 2017, tivemos o mais austero de todos, devido à total contenção de verbas, mas, apesar de todas as dificuldades, mais uma vez vimos que a curadoria é a alma de um bom festival. Nos dias que se seguiram as mostras, tanto na  Casa Scliar, como no Charitas, mobilizou parte da juventude cinéfila de Cabo Frio.

"Crime de Honra - Ensaio para Intolerantes" - de Vinícius de Oliveira,
prêmio de melhor direção no 10º Curta Cabo Frio.
Uma grata surpresa, este ano, entre tantos outros filmes, foi o curta "Crime de Honra - Ensaio para Intolerantes",  de Vinicius de Oliveira, que faturou o prêmio de Melhor Direção , um dos mais importantes prêmios cinematográficos, conferido a um realizador. Um prêmio merecido para um filme que, além de contar com ótimo elenco, tem um roteiro ágil e garante um clima sufocante a cada momento, a ótima montagem é bem criativa e se garante do começo ao fim. 
A história tem engajamento politico, já que fala do machismo arraigado na sociedade brasileira, a partir de um grupo de amigos "pegadores" que saem para curtir a noite paulistana, com muita bebida, diversão e sexo. O desdobramento é uma paulada na sensibilidade do expectador. O filme mexe com o coração do público, finalizando com aquele silêncio que deixa todo mundo apreensivo. Logo após a exibição e a tensão vivida, foi bonito ver o público explodir numa chuva de aplausos, consagrando um filme que está, ainda, no seu começo de caminhada.


Vinícius de Oliveira, diretor do filme "Crime de Honra - Ensaio para Intolerantes",
prêmio de melhor diretor no "10º Curta Cabo Frio - 2017.

Vinícius de Oliveira, uma trajetória de Sucesso.

Quem conhece Vinícius de Oliveira, sabe de sua paixão pelo Cinema Nacional. Seu nome começou a surgir quando ele fez o inesquecível "Central do Brasil" de Walter Salles, 1998, filme premiadíssimo em que ele contracena com a poderosa Fernanda Montenegro. Vinícius dá um show neste filme, e entra para o panteão de atores mirins que encantaram o Brasil. O impacto da sua presença no cinema nacional lhe rendeu, só pode ser comparado ao "Pixote - A Lei do Mais Fraco" de Hector Babenco, e que consagrou o ator mirim, eterno, do cinema brasileiro: Fernando Ramos da Silva.
Três anos depois de Central do Brasil, Vinícius brilhou noutro filmaço de Walter Salles, "Abril Despedaçado", onde contracena com feras do cinema nacional como José Dummont e Rodrigo Santoro. Já em 2008, ele reaparece, adulto, no filme "Linha de Passe", de Daniela Thomas e Walter Salles, desta vez, o ator mirim carismático, abre espaço para o adulto consciente e sensível, numa história que arrebatou corações no festival de Cannes. Vinícius nunca parou de filmar, nasceu para fazer cinema, é, sem dúvida, um dos fortes nomes do cinema nacional do momento e, agora, ele é também, diretor e seu filme "Crime de Honra - Ensaio para Intolerantes". O filme traz um cineasta engajado nas questões nacionais, mostrando a fúria do machismo brasileiro. Vale conferir.

(Jiddu Saldanha - Blogueiro)


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